segunda-feira, 14 de abril de 2008

Esperma sem dono

Como vos prometi, tenho de vos contar a minha primeira ida às putas quando tinha uns 17 anos, possivelmente em 1982 ou 1983. Podem imaginar, a cena do putedo era completamente diferente da actual. Não havia páginas de Internet nem sequer Internet, muito menos casas de putas anunciadas em jornais diários de alta tiragem. Quem precisava, tinha de se afundar nas ruas escuras do Porto das traseiras, ali paralelo às ruas limpas e honestas percorridas por gente às compras, por onde se acedia por uma travessa apertada e comprometida.
A mais famosa - e acessível - era a Rua dos Caldeireiros, ali de passagem entre os Loios e a Praça, apenas um curto desvio a pé num passeio normal.
O putedo abundava por essas ruas escuras, na época. Foder por dinheiro era uma forma aceite para ganhar a vida, resquícios que nos ficaram de tempos mais fascistas. Mas na vida caiam mulheres que não possuiam qualquer ajuda ou educação; eram pessoas de má índole, doentes, idosas, ou novas que cresciam dentro da cultura da vida. Todas elas encaravam a foda como algo normal, como despir uma cueca e abrir as pernas. Faziam-no por dever, por passatempo, como um emprego pouco exigente. Aguardavam os clientes em magotes à porta de pensões decrépitas ou encostadas aos carros estacionados na rua, do lado onde o sol batia, e do outro os clientes encostavam-se à porta dos cafés, de aspecto bafiento, bigodes latinos, ar embaraçado, hálito a vinho tinto. Outros iam descendo e subindo a rua, alheios a tudo, espreitando pelo canto do olho. Outros, como eu quando lá fui.
Não era a primeira que passava ali, mas naquela tarde de Domingo ia decidido a esfolar a minha virgindade nas bordas duma cona. Tinha juntado algum dinheiro e ia-me lançar de cabeça nas coxas da primeira puta que aparecesse. Quis o acaso que, a descer a rua por entre dezenas de putas e clientes, uma veterana da guerra percebesse ao que ia e me chamasse "Ó lindo!", e eu nem parei, dirigi-me a ela. Disse-me que fodia comigo por quinhentos escudos, e eu aceitei, de voz engasgada. Fomos descendo a rua, e eu nem me atrevi a olhar para os lados. Felizmente, a entrada da pensão era distante e recatada, e não tive medo de entrar.
Ela foi subindo pela apertada escada interior de degraus gastos e paredes esburacadas, e parou para encher um baldo num WC comum a cheirar a cano. Atrevido, e de bexiga nervosa, perguntei se podia urinar ali na presença dela, e ela anuiu. Pela primeira vez na vida, saquei da pila à frente duma mulher e mijei sem pressas, a ver se ela levantava, mas népia! Por motivos que desconhecia, parecia que a pila tinha virado paneleira sem mais nem menos.
Fomos para o quarto, e ela sentou-se no balde para limpar a pachacha. Depois, sem apressar a coisa, deitou-se na cama de saia levantada sem cuecas, e coxas escancaradas mostrando os labios da sua gasta vagina. Sequioso de curiosidade, abocanhei-a para provar o sabor da primeira pachacha. "Isso, lambe aí", disse de voz mortiça. Não foi algo que me enojasse, nem me deu prazer especial, mas pelo menos o pau alevantou um pouco. Deitei-me por cima dela e deslizei o pau para dentro do buraco, mas estava anestesiado da cintura para baixo. Não conseguia sentir nada, parecia que havia metido a pila num buraco sem fundo e ela dançava sem bater nas paredes da cona.
Balanceei para trás e para a frente a ver se sentia a pila encher-se de leite como quando batia punhetas, mas em vez disso sentia-a esvair-se lá ao longe, lá noutro corpo e noutras sensações aonde não conseguia chegar. Ela percebeu algo, porque se mexeu e puxou o meu pau para fora.
Fiquei parvo a olhar a minha pila rebelde. espremi-a, e umas gotas de leite sairam atrasadas. Pelo menos isso confirmava que havia esporrado, se bem que quando ou como eu nem pude perceber.
Envergonhado por tão baixa prestação, vesti-me e paguei-lhe os merecidos quinhentos escudos, desci as escdaas e continuei a descer a rua, para apanhar o 97 para Gaia.
Não ia contente; sabia que não podia também contar a ninguém que já havia molhado o pincel, porque naqueles tempos as pessoas gabavam-se muito mas era só fogo de vista, quando alguém aparecia a falar a sério todos ficavam chocados. Mas pelo menos tinha tido uma experiência sexual, e isso não era mau. Mas iria demorar anos até conseguiu vencer a vergonha de um momento de esperma sem dono e voltar a aproximar-se de uma puta.
Em breve, contar-vos-ei para que prazer paguei a tantas mulheres durante anos.

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